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Crónicas de campanha

Crónicas de campanha

23
Mar09

Vivendo e aprendendo...

Laurinda Alves

Eis a conversa que gostava de ter aqui neste início de semana. Tenho agora um tempo de pausa e aproveito-o para sintetizar umas linhas sobre o meu processo de discernimento interior a partir de um dia-a-dia cada vez mais difícil de gerir, numa altura em que faço campanha no terreno e passo quase toda a semana fora de Lisboa a conhecer pessoas, projectos e instituições que me permitem actualizar o olhar sobre o país real e profundo.

 

Estou, como sabem, em campanha para o Parlamento Europeu, como candidata independente pelo MEP, desde Dezembro passado. Estes quase quatro meses que passaram foram um tempo de privilégio absoluto, em que me foi dada a possibilidade de percorrer o país de norte a sul (ilhas incluídas), num caminho com dois sentidos: conhecer a realidade-real de Portugal e, ao mesmo tempo, dar-me a conhecer nesta nova condição de 'nova política'.

 

Quando insisto na expressão 'realidade-real' faço-o com o propósito de sublinhar a importância de afinar o olhar sobre a realidade à minha volta, sem tentações para o tornar mais ou menos dramático. E é porque preciso de conhecer verdadeiramente o país que quero representar no Parlamento Europeu, num centro de decisão onde se decide a nossa vida todos os dias, que todas as semanas estou fora de Lisboa.

 

A partir de hoje e porque faltam apenas dois meses e pouco para as eleições, vou andar pelo país cinco dias por semana. Ou seja, estou em Lisboa às segundas e aos domingos. Tenho uns dias de pausa na Semana Santa e, de resto, estou em campanha. Vem tudo isto a propósito da minha gestão do tempo, das minhas prioridades e critérios mas, também, da possibilidade real (lá está a realidade-real de que sempre falo!) de manter dois blogs activos.

 

A minha experiência das últimas semanas prova que me é cada vez mais impossível alimentar dois blogs diariamente. Não tenho o dom da ubiquidade, os meus dias não têm mais horas do que os dias dos outros, chego à noite muito cansada (exausta é, muitas vezes, a palavra mais certa) e sem capacidade para sintetizar as matérias, fazer os uploads das imagens e editar textos em dois blogs.

 

Visito diariamente duas ou três instituições sociais e culturais, sempre que posso almoço ou janto com pessoas que estão envolvidas em projectos ou causas cívicas, e vou tendo encontros diários com jornalistas da imprensa regional que localmente me acompanham e se interessam pelo que ando a fazer em cada concelho ou distrito. Ora tudo isto é de uma exigência enorme e é tão estimulante e gratificante como esgotante.

 

Se agora enuncio toda esta realidade é porque depois de um processo de discernimento e ponderação de prós e contras, cheguei à conclusão de que a partir daqui não sou mesmo capaz de manter dois blogs activos. Achei que era capaz mas com a mesma verdade com que separei águas à partida, também agora assumo que humanamente não consigo desmultiplicar-me mais sem correr o risco de me esgotar ou entrar em colapso físico e mental.

 

Assim sendo, a matéria mais política da minha campanha vai passar a estar no site do MEP e no site do MEP Europa (sites onde conto com a colaboração de toda a equipa de 22 pessoas que me acompanham e com quem trabalho intensamente nesta candidatura ao Parlamento Europeu), enquanto a matéria mais impressionista e mais de 'substância da vida' vai estar neste meu blog.

 

Dei-me conta ao longo do caminho já percorrido, que muitas das realidades que toco nesta fase da minha vida, merecem ser divulgadas num blog único e abrangente, por serem realidades universais (ler: não estritamente políticas) e por revelarem um país onde existem pessoas, instituições, associações e projectos verdadeiramente transformadores.

 

Confesso que me comove profundamente conhecer tudo e tanto numa altura de grande crise, em que todos poderiamos ter a tentação do desânimo. Ao contrário do que eu esperava, embora a crise seja real e os dramas cada vez mais dramáticos, há uma legião cada vez maior de pessoas apostadas em atravessar esta e outras crises com sentido construtivo, acrescentando valor e confiança, resgatando a esperança lutando e acreditando que só com muito trabalho e muito esforço seremos capazes de chegar à outra margem.

 

E é justamente porque estas pessoas existem à nossa volta, e porque os projectos que criam ou nos quais trabalham e se envolvem são tão transformadores na sociedade (e nas mentalidades) que não posso deixar de os revelar a todos. Ou seja, a partir de hoje em vez de ter dois blogs e de separar umas águas que afinal são inseparáveis, vou mostrar aqui as pessoas e os projectos que encontro no caminho e deixar para o site MEP Europa a matéria mais política. Aqui a cidadania e ali a política!

 

Tenho a certeza que me percebem e me acompanham, e é também a certeza de percorrer este caminho real e virtual tão bem acompanhada que me enche de alegria e energia para os dois meses que se anunciam como um tempo ainda mais exigente e desafiador. Obrigada por estarem aí. Ou melhor, por estarem aqui comigo!

 

16
Mar09

A Obra do Frei Gil, um sonho de mais de 10 anos!

Laurinda Alves

 

Fui visitar a nova casa da Obra do Frei Gil, no Porto, e devo

confessar que me comoveu ver tudo novinho em folha mas

já com um par de semanas bem vividas neste novo espaço.

Fotografei o cameraman a filmar a equipa do Sporting em 

cromos, porque também sou Sportinguista mas, acima de

tudo, porque me tocou o pormenor da decoração de um dos

rapazes que agora vivem nesta nova casa em Ramalde.

 

 

Esta casa da Obra do Frei Gil é um sonho tornado realidade

à custa das ajudas de centenas de amigos e voluntários da

Obra. As crianças e jovens em risco que moram nesta casa

viviam antes em condições muito precárias e degradadas.A

casa onde moravam tinha um espaço exíguo e estava muito

velha. Durante 10 longos e penosos anos a Obra do Frei Gil

multiplicou as iniciativas para angariar fundos e fazer obras

para uma nova casa e aquilo que parecia quase impossível

acabou por se tornar possível. A casa está de pé e aberta! 

 

 

A equipa que dirige a casa e a mantém a funcionar mais as

crianças e jovens que lá moram, mudaram há poucos dias

para aqui e, por isso, tudo é uma novidade e uma alegria.

O próprio Frei Gil gostaria de ter estado presente no dia em

que se abriram as portas desta nova casa onde moram as

crianças que são maltratadas pelos pais ou negligenciadas

pelas famílias. O Frei Gil nunca desistiu de acreditar que era

possível acolher, cuidar e ajudar a crescer todos estes jovens.

  

 

Graças à inspiração do fundador e à tenacidade de uma equipa

extraordinária liderada por Graça Fonseca e Maria Gonçalves da

Cunha, formaram-se grupos de ajuda, juntaram-se voluntários

novos e antigos, escreveram-se cartas, trocaram-se mails e foi

possível ver finalmente todos os Meninos da Obra do Frei Gil a

ter uma habitação condigna. A mim, esta Obra diz-me muito pois

também eu participei nesta corrente de voluntariado que envolveu

centenas de pessoas que leram a revista XIS onde publiquei um

apelo aos leitores. Há 5 anos para mim esta casa era um sonho!

  

 

Estes e outros miúdos que agora moram nas novas instalações

foram os mesmos que foram escrevendo coisas mais ou menos

avulsas sobre a casa nova e a casa antiga. Um deles, com dez

anos (precisamente os mesmos que esta casa demorou a ser

construída) escreveu duas linhas num papel a dizer o seguinte:

"Na Casa Nova temos um buraco nas paredes dos dois pisos,

para onde podemos atirar a roupa e ela vai parar à lavandaria!"

 

 

Graça Fonseca, a directora, tem um sorriso sempre desenhado

na cara e é uma força da natureza. Fala dos seus meninos como

se fossem todos seus filhos. É admirável esta atitude e esta força!

Na imagem Graça (de encarnado) conta à Inês Menezes como as

coisas foram acontecendo e a Inês revive através dos detalhes ao

vivo aquilo que fomos vivendo na XIS nos tempos em que a revista

existia e íamos tendo notícias da evolução desta construção que

esteve parada mas, finalmente, arrancou e já nunca mais parou. 

 

 

Ver as caminhas dos bebés trespassadas da luz que entra

pelas grandes janelas e sentir que o quarto dos mais novos

é quente e alegre dá o consolo que é possível ter quando

sabemos que estes bebés foram retirados às famílias por

serem maltratados ou abandonados. A tristeza desta triste

realidade aqui é compensada pela maneira como os bebés

são acolhidos e cuidados. Esta casa é um verdadeiro lar.

   

 

Os despojos dos dias nas casas onde há muitos filhos são

as mochilas que se deixam no chão no fim da escola, quando

ainda é dia e há tempo para brincar lá fora no pátio. Passo por

estas casas e fico sempre tocada pela familiaridade que sinto

nas rotinas, nos hábitos e na maneira como é possível viver e

educar dezenas de crianças e jovens em fase de crescimento. 

Dou os meus parabéns a toda a equipa e assumo aqui que só

agora fui capaz de escrever sobre a visita por ela me ter tocado

profundamente. Confesso que sinto que a casa também é minha.

 

 

12
Mar09

Pia do Urso e um Parque Eco-Sensorial único!

Laurinda Alves

 

Passei metade de uma tarde na célebre aldeia de Pia do Urso,

entre Fátima e a Batalha, a percorrer os caminhos do primeiro

e único Parque Eco-Sensorial que existe no nosso país.A aldeia

foi toda recuperada e parece uma daquelas aldeias provençais

onde apetece passar um tempo demorado, descontraído e livre.

 

 

Por entre as casas da aldeia foi desenhado no chão um caminho

diferente para pessoas com problemas de visão. Os cegos e os

amblíopes podem percorrer todo o Parque Eco-Sensorial sem a

ajuda de ninguém pois não só todas as pistas estão inscritas em

braille, como o próprio pavimento guia os seus passos com mais

segurança e certezas. Entre a calçada de pedra há um caminho de

madeira que permite sentir que estão sempre no caminho certo...

 

 

Num país onde tudo é obstáculo e barreira arquitectónica para

quem tem deficiências e handicaps físicos ou outros, é bom ir

a um lugar expressamente pensado e desenhado a pensar nos

que veem com muitas dificuldades. O Parque Eco-Sensorial de

Pia do Urso tem várias estações e é fascinante conhecê-las.

 

 

Achei uma graça particular a esta Marcha para Aljubarrota e

não resisti a fotografar os 'guerreiros'. Alguém atrás de mim

também fotografou e foi assim que fiquei dentro da paisagem.

 

 

Todo o percurso do Parque Eco-Sensorial é uma descoberta

permanente e a aventura é ir descobrindo cada estação de sua

vez. A seguir aos guerreiros há uma estação planetária e ainda

uma experiência de abstracção. Adorei conhecer tudo isto e dou

os meus sinceros parabéns a quem teve esta iniciativa positiva!

 

 

 

10
Mar09

BricoSolidário: arranjos ao domicílio

Laurinda Alves

 

Este é o senhor Pascoal, um dos efectivos mais importantes

do projecto BricoSolidário, uma iniciativa muito inovadora das

câmaras da Guarda e Sabugal. A ideia é muito simples e tem

a ver com a realidade desta zona do interior, próxima da raia:

as aldeias estão cada vez mais desertas e as pessoas cada

vez mais sós e entregues à sua sorte. Para contrariar todo o

abandono a que são votadas as gerações mais velhas (há

lugares e aldeias onde hoje em dia moram apenas 3 idosos,

cada um em sua casa, muito distantes entre si) alguém teve

a feliz ideia de lançar um projecto de arranjos ao domicílio.

 

 

E foi assim que nasceu uma parceria entre duas Câmaras

Municipais. Decidiram candidatar-se aos Fundos Europeus

e conseguiram montar a estrutura de um projecto que pode

e deve ser replicado em muitos outros lugares remotos do

país. E não só. Esta ideia serve qualquer aldeia ou vila onde

os habitantes estejam mais sós e com menos recursos. A

carrinha do BricoSolidário é como aquelas carrinhas antigas

que percorriam as aldeias e vilas a apitar pelas ruas, para

anunciar que traziam legumes e fruta ou peixe fresco. Desta

vez não se trata de vender alimentos mas de oferecer arranjos

nas casas. Pequenos e médios consertos que podem ir de

uma simples lâmpada ou torneira a trabalhos mais elaborados

de canalizador ou pedreiro. Mais do que oferecer apenas estes

serviços, o que este projecto proporciona é uma possibilidade

de relação, e o calor humano que sempre entra numa casa se

alguém vem por bem. Adorei conhecer o projecto e o sr. Pascoal.

 

 

Dentro da carrinha há uma espécie de oficina onde há de tudo.

Impressiona-me sempre conhecer pessoas e projectos que

apoiam quem mais precisa de ser apoiado. E este é um caso!

 

09
Mar09

A casa dos bebés e crianças retiradas às famílias

Laurinda Alves

 

Começo por voltar ao CAT, o Centro de Atendimento Temporário

de crianças e jovens em risco, de Viseu, que fiquei a conhecer no

fim-de-semana e não me sai da cabeça por mil e uma razões que

passo a explicar. Primeiro, pela incontornável realidade de acolher

bebés e crianças muito pequenas que foram retiradas aos pais e

famílias por serem maltratadas ou negligenciadas. Dói sempre a

certeza de que estas crianças não foram amadas e foram rejeitadas. 

  

 

Nestes berços estão deitados bebés muito pequenos que os

pais não foram capazes de amar nem cuidar, e impressiona

olhar para eles por serem tão queridos, tão frágeis e ainda tão

carentes de amor e cuidados. Comoveu-me este CAT por ser

um espaço tão familiar onde se sente o carinho e todo o amor

que uma equipa inteira de profissionais dão aos mais frágeis.

 

 

Olhar para as carinhas dos bebés, tocar nas suas mãos, sentir

o seu cheiro e a sua pele, ver como olham com os seus olhos

inocentes para um mundo por vezes tão adverso e cruel, enche

de ternura e, ao mesmo tempo, de frustração. Todos nós os da

equipa MEP-Europa que visitámos esta instituição, ficámos de

lágrimas nos olhos pela maravilha de trabalho que é feito com

estas crianças mas também pela dor e sofrimentos passados.

 

 

Tudo no ambiente deste CAT é tranquilo e bonito. Já visitei

muitos centros desta natureza e foram raros os que vi tão

bem cuidados, tão luminosos e tão familiares. A beleza da

casa onde se recebem crianças em risco importa muito até

porque estas crianças sentem e absorvem o que anda no ar.

Aqui todos os pormenores contam e foram muito pensados.

 

 

Até a arrumação das roupas e os armários onde se guarda

tudo o que outros oferecem a estas crianças está impecável.

Dá gosto ver uma ''casa de família'' onde há 22 ''filhos'' com

tudo tão em ordem. A organização e a arrumação importam! 

 

 

Do outro lado da casa existe uma sala ampla e arejada onde

as crianças brincam e se entretêm fora das horas de aulas e

onde os voluntários dão apoio nas brincadeiras mas também

nos estudos dos que já andam na escola. Há crianças com

idades compreendidas entre os 0 e os 6 anos e, por isso, há

as que vão à escola e começam a aprender a ler e escrever.

 

 

Apetece estar nesta sala colorida, divertida, onde há muito

espaço para brincadeiras. Este palhaço foi feito por todos

e agora vive encostado a uma das janelas que dão para o

pátio lá fora. Sobre este pátio gostava de dizer duas coisas.

 

 

A primeira é que é um pátio enorme e tentador para aproveitar

como recreio para estas crianças brincarem. A segunda é que

não é possível deixar as crianças ir para o pátio porque há lá

dois tanques enormes, com água, onde se poderiam afogar

em menos de dois minutos. É uma pena que estes tanques

permaneçam ali sem destino, a impedir estas crianças de ter

um espaço ao ar livre para brincarem e crescerem mais livres.

 

 

Vou escrever uma carta ao presidente da Câmara de Viseu a

falar destes tanques e a perguntar se se pode fazer alguma

coisa em breve. Bastaria esvaziá-los e cobri-los de terra ou

areia para criar ali um parque de diversões. Não me parece

impossível e tenho a certeza de que está ao alcance da CMV

fazer qualquer coisa que potencie o bem-estar das crianças.

 

 

Finalmente gostava de deixar aqui umas linhas à Drª Paula

Menezes, a directora do CAT de Viseu que me marcou pela

atitude positiva, pelo sorriso permanente (e contagiante) e

pela sensibilidade e ternura com que fala de cada uma das

'suas' 22 crianças. Não conseguirei nunca agradecer-lhe o

suficiente por ser esta luz no mundo e por devolver aos mais

frágeis o sorriso e a confiança na vida. E a dignidade também!

 

 

Toda a equipa MEP-Europa saiu desta pequena-grande casa

comovida e grata por nos terem aberto as portas e nos terem

feito sentir em casa. A Drª Paula Menezes tem a minha idade

(47 anos) e vive inteiramente dedicada a todos estes ''filhos''

e sublinho aqui a minha profunda admiração pela maneira

como exerce esta forma tão generosa de maternidade. Dar

colo a quem não tem colo, encher de mimos quem nunca os

teve, cuidar, abraçar, alimentar, vestir e educar bebés e crianças

cujo passado foi todo vivido em dor e abandono é muito mais

do que um trabalho. É uma verdadeira missão! Muito obrigada.

 

 

E termino este longo post com a imagem da entrada do CAT

da Misericórdia de Viseu, como uma breve despedida de quem

sabe que pode voltar mais vezes porque a porta estará sempre

aberta. Quem me dera poder ajudar e quem me dera que os 2

tanques de pedra do pátio deixem de existir muito em breve! 

08
Mar09

Breve album de fotografias destes dias

Laurinda Alves

 

Estou a aterrar em Lisboa depois de três dias de campanha

no terreno e de um longo caminho percorrido entre Arganil,

Oliveira do Hospital, Lamego, Guarda, Sabugal e Viseu. Foi

um tempo de encontros e histórias de vida. Estou a chegar

e ainda sem capacidade de síntese de tudo e tanto que vivi

por ali. Deixo um pequeno album de fotos com imagens de

lugares que visitei e sobre os quais em breve escreverei.

 

 

 

06
Mar09

Os melhores queijos das melhores ovelhas

Laurinda Alves

 

Alguns dos melhores queijos, das melhores ovelhas, das melhores

famílias também são fabricados na ANCOSE, a Associação Nacional

de Criadores de Ovinos na Serra da Estrela, que visitei ontem ao fim

da tarde, quando as nuvens cobriam o céu lá ao fundo mas ainda deixavam

entrar um raio de sol, o derradeiro raio de luz da tarde de mais um dia de frio.

 

 

Visitei as instalações da ANCOSE com dois dos responsáveis

pela gestão e exploração do leite, queijos e produtos afins aqui

nesta espécie de paraíso na terra de onde saem os melhores

queijos do mundo. Digo isto sem qualquer pudor e com toda a

certeza do que estou a dizer porque não há queijo nem requeijão

que se compare ao que de melhor se faz nesta zona do país. É

uma pena que este tipo de explorações e negócios também vivam

tempos difíceis, e foi também esta realidade que vim conhecer e

aprofundar. Cada um dos criadores associados tem, em média

43 animais e é extraordinariamente difícil sobreviver nesta escala.

 

 

Fiquei mais consciente das questões que se prendem com

a produção do queijo da Serra e fiquei a saber que é cada vez

mais difícil encontrar apoios e alternativas em tempos de crise.

Hoje em dia a criação de ovelhas das melhores 'castas' é cara

e nem sempre compensa até porque a lã deixou de ser negócio

e a propriedade tem que ser redimensionada para tudo ser viável.

Ou seja, resumido desta forma grosseira e abreviasa, temos um

dos melhores queijos do mundo mas os criadores de ovelhas e

os produtores estão com graves dificuldades de sobrevivência.

05
Mar09

Dia de entrevistas e encontros entre pares

Laurinda Alves

 

Ângela Faria da Cunha, jornalista da Rádio Boa Nova de Oliveira

do Hospital, é a minha anfitriã amanhã nesta rádio pelas 15h10m

(100.2 FM ou online em www.radioboanova.com) onde vamos falar

sobre as razões da minha candidatura e coisas da vida ao longo de

uma hora. Apetece imenso este contacto e esta proximidade com as

rádios locais e os jornalistas-entrevistadores que as animam. Esta

manhã estive no Rádio Clube de Arganil, a gravar uma entrevista que

também vai para o ar amanhã entre as 17h e as 18h (88.5 FM ou na

versão online em www.rcarganil.com). A entrevistadora foi Isabel Duarte.

Depois da rádio Arganil visitei a Comarca de Arganil, jornal centenário

que está a atravessar uma fase difícil (aliás como estão todos os jornais)

e a Susana Duarte também me fez uma entrevista. Aqui ficam momentos...

 

 

04
Mar09

Pular a Cerca, programa Escolhas

Laurinda Alves

 

 

Visitei o projecto Pular a cerca (II) no Porto, onde conheci estes

e outros miúdos que participam nas actividades promovidas pelo

centro, cujo espírito e missão é combater a exclusão social de

crianças e jovens provenientes de contextos socio-económicos

mais vulneráveis ou carenciados. Este projecto surge no âmbito

do Programa Escolhas e pretende criar mecanismos de apoio e

estímulo a uma verdadeira igualdade de oportunidades entre os

jovens e as crianças. Neste centro há uma variedade enorme de

escolhas e actividades, que vão da aprendizagem informática às

técnicas de pintura passando pela dança e o desporto.

 

 

Ao fim da tarde assisti ao treino da Companhia do Rugby, uma

das ofertas mais concorridas no Centro. A equipa é combativa e

composta por uma variedade muito complementar de miúdos.

Há ali de todos os géneros, tamanhos e feitios e o treinador tem

um talento especial para gerir e organizar toda esta diversidade.

 

 

 

Há vários jogadores de etnia cigana e é engraçado ver como em

campo todos se sentem completamente iguais e integrados na

equipa. Fora do campo, as irmãs e irmãos seguem atentamente

o treino e esperam que acabe para voltarem juntos para casa.

Às vezes o treino tem que parar porque os irmãos mais novos se

entusiasmam e entram em campo e até isso é divertido. Comove

ver a cena e a maneira paciente como o treinador espera que os

miúdos peguem ao colo dos irmãos para os pôr fora de jogo...

 

 

 

Nos próximos dias vou estar em Arganil, Lamego, Guarda e Viseu.

Vão ser dias intensos e cheios de visitas a projectos e instituições

onde é possível ficar a conhecer ainda melhor a realidade-real do

país. É um privilégio enorme poder percorrer o país de norte a sul,

ilhas incluídas, em campanha. Vou deixando aqui os meus posts

mais ou menos impressionistas sobre tudo e tanto que vou vendo

e vivendo nos dias em que faço por conhecer e me dar a conhecer.

 

 

Adorei os três irmãos e as suas irmãs mais velhas. Muito queridos!

 

03
Mar09

A Diana, a Cláudia e o Luís Miguel

Laurinda Alves

 

Conheci a Diana no fim-de-semana passado, no Clube Porta

Aberta, no Bairro do Cerco, no Porto. A Diana Vieira tem 11 anos

e frequenta diariamente este centro de actividades onde pode ter

estudo acompanhado e também participar nos ateliers e iniciativas.

Tenho falado com ela ao telefone e contou-me que partiu um braço

e tem dores. Foi o braço esquerdo. As melhoras, querida Diana!

 

 

A Cláudia Teixeira é uma das maiores amigas da Diana e também

vai ao Clube Porta Aberta todos os dias. Diz que gosta de dançar, de

fazer patinagem e de ginástica. Adorei a Cláudia e as suas sardas!

 

 

O Luís Miguel Santos Moreira é o terceiro deste trio inseparável de amigos

e também quis dar uma entrevista para o blog. Todas as crianças que vêm

ao Clube Porta Aberta moram nos bairros sociais da zona de Campanhã,

uma das zonas mais problemáticas da cidade do Porto. Estas crianças têm

vidas difíceis e assistem a muita coisa e impressiona sempre ver a ternura

com que se abraçam e nos abraçam. Mesmo quando mal nos conhecem...

 

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