Encontros de rua e breves conversas
Quando comecei as acções de campanha e me propuseram ir para a rua
com elementos da equipa MEP Europa entregar os flyers onde convidamos
as pessoas a estarem presentes nas sessões de onde apresento as razões
da minha candidatura e o Rui Marques apresenta o programa do MEP e fala da
política da esperança, fiquei apavorada com a ideia de me plantar nas praças ou
andar pelos passeios a entregar folhetos com a minha cara. Achei que não ia ser
capaz de fazer uma coisa que nunca tinha feito na vida e nunca tinha pensado fazer.
Mas não tive coragem de dizer que não e lá fui ter com a Celina e o Alexandre à rua.
Ia com a sensação de que aquele fato não era feito à minha medida e explico
porquê. Embora seja uma comunicadora e tenha construído a minha carreira
a partir do contacto com muitas realidades e muitas pessoas, a minha natureza
é e permanece tímida. Sou capaz de dar a cara por causas e por pessoas mas
tenho pudor de dar a cara por mim. Sei que parece absurdo mas também sei que
muitos compreendem o que quero dizer.
Abreviando a história da primeira experiência de contacto com as pessoas
na rua nesta minha nova condição de ‘nova política’, os primeiros minutos
foram de desconforto porque não sabia como havia de fazer a abordagem
mas bastou perguntar à primeira pessoa que passou por mim se lhe podia
fazer um convite e ela abrir um sorriso e parar para ouvir o que lhe queria dizer,
para me sentir mais confiante. Em Aveiro comecei por encontrar uma Laurinda.
A seguir a esta vieram outras e outros e aquilo que era para durar uma hora
estendeu-se ao longo de duas horas e meia e foi uma alegria poder conversar
ainda que de forma breve com desconhecidos, fazer pequenos e médios diálogos
sobre coisas mais ou menos banais, ouvir alguns desabafos que me deixaram a
pensar, perceber as causas de certas coisas e por aí adiante…
Aurea Pena, professora de piano e violoncelo em Leiria, faz 90 anos no dia 25 de
Abril. Conheci-a ontem, nestas minhas andanças de rua e adorei o nosso breve
mas intenso encontro. Falámos sobre a vida, sobre a música e os seus talentos,
confessei-lhe que o piano, o violino e o violoncelo são os meus instrumentos de
eleição, e demos algumas gargalhadas por coisa nenhuma, simplesmente pelo
prazer de nos termos conhecido e pelo sentido de humor de Aurea. A sua alegria
e a sua boa forma levaram-me a pedir que me desse uma breve entrevista. E deu.
Antes, porém, pedi-lhe para ver os seus olhos pois achei-a muito bonita e gostava
de a ver sem óculos escuros. E ela tirou e disse com um sorriso e uma naturalidade
desarmante que em nova era mais bonita. Chamavam-lhe a Joan Crawford portuguesa.
Não a conheci em nova mas acho-a linda agora que vai fazer 90 anos com esta luz.