Eis, finalmente, as breves entrevistas que fiz na CERCIGUI na sexta-feira passada.
Começo pelo Jorge Couto, que trabalhava na construção civil e foi vítima de uma
queda em altura que o deixou tetraplégico. O Jorge Couto deu-me esta entrevista
e depois deixou dois comentários neste blog, que muito agradeço e me tocaram.
Cinco dias antes do acidente de Jorge, Eduardo deu um mergulho no rio que lhe
correu mal e também o deixou tetraplégico. Tal como o Jorge, Eduardo também
trabalhava na construção civil. Muito discreto, fala baixo mas é igualmente positivo.
Eugénio Teixeira tem outra história de vida, outra experiência pessoal e profissional.
Quando tinha apenas um ano de idade teve poliomielite e ficou com dificuldades em
andar. Fez a escola primária e depois ficou em casa sem nada para fazer anos a fio.
Conheci estes três homens na CERCI de Guimarães e saí de lá com uma gratidão
infinita por existirem e serem como são. Não falo da sua deficiência, naturalmente,
mas da maneira como transcendem as suas limitações. E da atitude positiva com
que atravessam o sofrimento e vivem a adversidade diária que os obriga a vencer
mil e uma barreiras. As arquitectónicas e as outras, quero dizer. E é por estarem
tão inteiros na vida e relativizarem os seus problemas que me ajudam a viver com
mais consciência e a relativizar os meus pequenos e médios dramas. E dilemas...