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Crónicas de campanha

Crónicas de campanha

01
Fev09

Encontros de rua e breves conversas

Laurinda Alves

 

Quando comecei as acções de campanha e me propuseram ir para a rua

com elementos da equipa MEP Europa entregar os flyers onde convidamos

as pessoas a estarem presentes nas sessões de onde apresento as razões

da minha candidatura e o Rui Marques apresenta o programa do MEP e fala da 

política da esperança, fiquei apavorada com a ideia de me plantar nas praças ou

andar pelos passeios a entregar folhetos com a minha cara. Achei que não ia ser

capaz de fazer uma coisa que nunca tinha feito na vida e nunca tinha pensado fazer. 

Mas não tive coragem de dizer que não e lá fui ter com a Celina e o Alexandre à rua.

 

 

Ia com a sensação de que aquele fato não era feito à minha medida e explico

porquê. Embora seja uma comunicadora e tenha construído a minha carreira

a partir do contacto com muitas realidades e muitas pessoas, a minha natureza

é e permanece tímida. Sou capaz de dar a cara por causas e por pessoas mas

tenho pudor de dar a cara por mim. Sei que parece absurdo mas também sei que

muitos compreendem o que quero dizer.

 

 

Abreviando a história da primeira experiência de contacto com as pessoas

na rua nesta minha nova condição de ‘nova política’, os primeiros minutos

foram de desconforto porque não sabia como havia de fazer a abordagem

mas bastou perguntar à primeira pessoa que passou por mim se lhe podia

fazer um convite e ela abrir um sorriso e parar para ouvir o que lhe queria dizer,

para me sentir mais confiante. Em Aveiro comecei por encontrar uma Laurinda.

 

 

 

A seguir a esta vieram outras e outros e aquilo que era para durar uma hora

estendeu-se ao longo de duas horas e meia e foi uma alegria poder conversar

ainda que de forma breve com desconhecidos, fazer pequenos e médios diálogos

sobre coisas mais ou menos banais, ouvir alguns desabafos que me deixaram a

pensar, perceber as causas de certas coisas e por aí adiante…

 
 
 
A primeira vez que fiz uma ‘arruada’, como se diz em gíria política, foi no centro
de Aveiro. Foi muito bom este contacto mais directo e mais avulso, por assim dizer.
Gosto muito de falar com as pessoas mas nunca tinha tido esta experiência de as
interpelar na rua. Habitualmente vou a lugares onde é suposto falar e ouvir e onde
as pessoas se reúnem com essa intenção. Nas ruas é diferente porque cada um
está na sua vida, vai com os seus pensamentos e as suas pressas, não deram
passos para me encontrar nem estavam a pensar parar para me ouvir ou para falar
comigo. E é justamente por serem tão naturais e tão agradáveis quando as interpelo
e por se deterem para ver o que lhes estou a dizer que esta experiência das ‘arruadas’
se tornou tão importante, gratificante e estimulante para mim. E, afinal, tão fácil!
 
 
Este fim de semana fiz o mesmo em Coimbra e Leiria. Em Coimbra chovia muito e,
por isso, limitei-me a entregar os flyers no perímetro da Universidade, onde almocei
e me encontrei com o novo presidente da Associação Académica, depois de ter dado
uma longa entrevista à Rádio Universidade. Em Leiria fazia sol e tive a sorte de me
cruzar com pessoas extraordinárias e incrivelmente queridas comigo. Param, ouvem
e aceitam o meu convite com o propósito de me irem ouvir e algumas vão mesmo.
 

 

Aurea Pena, professora de piano e violoncelo em Leiria, faz 90 anos no dia 25 de

Abril. Conheci-a ontem, nestas minhas andanças de rua e adorei o nosso breve

mas intenso encontro. Falámos sobre a vida, sobre a música e os seus talentos,

confessei-lhe que o piano, o violino e o violoncelo são os meus instrumentos de

eleição, e demos algumas gargalhadas por coisa nenhuma, simplesmente pelo

prazer de nos termos conhecido e pelo sentido de humor de Aurea. A sua alegria

e a sua boa forma levaram-me a pedir que me desse uma breve entrevista. E deu.

 

 

Antes, porém, pedi-lhe para ver os seus olhos pois achei-a muito bonita e gostava

de a ver sem óculos escuros. E ela tirou e disse com um sorriso e uma naturalidade

desarmante que em nova era mais bonita. Chamavam-lhe a Joan Crawford portuguesa.

Não a conheci em nova mas acho-a linda agora que vai fazer 90 anos com esta luz.

 

 

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